Gênero e Saúde Materna
Carga Horária | ||||
Teórica | Prática | Estudos | Duração | Total |
2 | 2 | 2 | 10 semanas | 60 horas |
Docente Responsável: | |
| Carmen Simone Grilo Diniz |
Objetivos |
OBJETIVOS: 1. Introduzir os conceitos de relações de gênero. Discutir suas origens históricas e sua relação com os movimentos de mulheres, e os estudos de gênero como campo acadêmico. 2. Introduzir o debate sobre saúde e direitos sexuais e reprodutivos incluindo nesse campo as questões relativas à maternidade e à saúde materna. 3. Introduzir as aplicações dos conceitos gênero na promoção das mudanças de práticas, incluindo a maternidade como trabalho social e prevenção da violência associada á maternidade. 4. Discutir a especificidade dos casos brasileiro e latino-americano, assim como o chamado movimento mundial pela humanização de assistência materna. 5. Introduzir os debates atuais sobre assistência materna baseada em evidência e baseada em direitos |
Justificativa |
JUSTIFICATIVA: Como quaisquer outras práticas de saúde, enquanto construtos sociais, as práticas de saúde materna incluem um conjunto de dimensões não-técnicas - entre elas aspectos culturais, econômicos, corporativos, simbólicos, entre outros, todos esses permeados pelas relações de gênero. O estudo das relações de gênero surge da proliferação dos chamados "estudos das mulheres", que se iniciam nos anos 80 e são aprofundados pelo feminismo no interior das ciências sociais. Dessa busca se expande, também entre o movimento feminista de saúde, o conceito de gênero como categoria que, no social, corresponde ao sexo anatômico e fisiológico das ciências biológicas. Essa reflexão deixa claro o caráter "mutante" dos gêneros, como construção social conflituosa: o gênero se constrói e desconstrói no espaço de interação, conflito e instabilidade - inclusive na maternidade - numa interação entre sujeitos múltiplos, contraditórios, que se "engendram" mutuamente. Neste curso, vamos explorar três questões sobre as relações de gênero e a maternidade. Primeiro, a crítica à compreensão naturalizada da reprodução e da sexualidade, tratadas como dimensões biológicas da esfera privada da vida dos indivíduos, como se nessa cena não se inscrevessem relações de poder, hierarquia, violência. Incluiremos as dimensões da economia do trabalho materno e sua disciplinarização na área materno-infantil. Segundo, o debate sobre a medicalização, patologização e cirurgificação da reprodução; as bases históricas e políticas da concepção do feminino como "fisiologicamente patológico", e a patologização do parto, articulada à construção médico-científica do feminino como normalmente defeituoso e dependente da tutela médico-cirúrgica. Discutiremos o construto cultural do parto como evento cirúrgico de risco, e como este modelo é estruturante das práticas de saúde, inclusive no Sistema Único de Saúde (SUS). Por fim, discutiremos as dimensões relativas à sexualidade e ao prazer sexual no debate sobre a reprodução, e sua "invisibilidade forçada" nos contextos da assistência materna. Visitaremos suas diversas configurações históricas, assim o desenvolvimento técnico dos procedimentos que reafirmam o parto como patogenicamente despedaçador das entranhas femininas, exigindo a prevenção e o tratamento do prejuízo genital-sexual decorrente. Essa dimensão sexual pode ser vista como um eixo estruturante das técnicas, sobretudo na assistência às gestantes de baixo risco. Nessa aproximação da assistência ao parto, a exploração dos vínculos entre a "sexualidade" e a "reprodução" aparece como uma tarefa fundamental, e não se trata aqui de "reprodutivizar" a sexualidade, mas, ao contrário, de erotizar a reprodução, compreendendo o parto como uma função sexual normal das mulheres - de forma a colocar a assistência materna na esfera dos direitos e da democracia - baseada na promoção dos direitos maternos, e não em sua negação. |
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Conteúdo |
1. As origens e aplicações do conceito de gênero. Gênero e sexualidade. Gênero e reprodução. Avaliação de programas de promoção da equidade de gênero. 2. História do surgimento dos conceitos de saúde e direitos sexuais e reprodutivos como tema público, desde o movimento feminista ao desenvolvimento de políticas públicas, e como campo acadêmico. As Conferências de Viena, Cairo e Pequim. A saúde sexual e reprodutiva como tema de Saúde Pública. A maternidade e a saúde materna na agenda de saúde e direitos sexuais e reprodutivos. 3. Maternidade, saúde materna e violência. Relação entre a saúde materna as formas violência contra a mulher: violência doméstica e violência intra-familiar, violência sexual, violência psicológica, violência institucional, e violência patrimonial. 4. Gênero e dimensões sociais e culturais da concepção, gravidez, parto e pós-parto. A maternidade como trabalho. Economia e trabalho materno. 5. Os homens no debate sobre a saúde materna. O caso dos acompanhantes no parto. Faz sentido pensar em uma "saúde paterna"? Reprodução e sexualidade: a perspectiva dos parceiros homens. 6. Mãe é tudo igual? Gênero, estigma e a construção das maternidades subalternas e marginais - solteiras, adolescentes, soro-positivas, prostitutas, lésbicas, usuárias de drogas, moradoras de rua e outras atrevidas. 7. O movimento pela humanização do parto no Brasil - alcances e limites. A perspectiva baseada em evidências e baseada em direitos. 8. Morbidade e mortalidade materna: questões de gênero sobre a morte e a adoecimento pela maternidade. 9. Maternidade e direitos humanos. A maternidade pela sua ausência: gênero e a orfandade. 10. O luto materno: dimensões de gênero da morte perinatal. Depressão pós-parto. Síndrome de stress pós-traumático. 11. Gênero e o pós-parto, ou a invisibilidade da mãe depois do nascimento do bebê. |
Forma de Avaliação |
A avaliação do aluno será realizada através dos seguintes critérios: 1. Freqüência 2. Participação 3. Apresentação de seminário sobre tema do curso 4. Traba |
Observação |
Bibliografia |
" Barros F, Victora C et al. 2005. The challenge of reducing neonatal mortality in middle-income countries: findings from three Brazilian birth cohorts in 1982, 1993, and 2004. Lancet 365: 847-854. " BBI (Better Births Initiative) 2005 . Disponível em " . " Cochrane AL 1973. Effectiveness and efficiency. Random reflections on health services. Nuffield Provincial Hospitals Trust, Londres. " Cochrane AL 1989. Foreword. In I Chalmers, M Enkin & MJNC Keirse (eds.) 1989. Effective care in pregnancy and childbirth. |
Faculdade de Saúde Pública Saúde Materno-infantil Disciplina: HSM0110 - Gênero, Sexualidade e Saúde Reprodutiva Créditos Aula: 2 Créditos Trabalho: 1 Carga Horária Total: 60 h Tipo: Semestral Ativação: 01/01/2006
Objetivos |
1. Introduzir, numa ótica multidisciplinar, a abordagem de temas relevantes que articulem Gênero, Sexualidade e Saúde Reprodutiva. |
Docente(s) Responsável(eis) | ||||||||
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Programa Resumido |
Trata-se de disciplina que visa a apresentar temas relativos à Saúde Reprodutiva de mulheres e homens, retendo as questões de gênero e sexualidade neles presentes. Abordará temas como as relações entre saúde reprodutiva, gênero e: identidades e sexualidades, direitos sexuais e reprodutivos; juventude; HIV/Aids; gravidez e parto; contracepção e aborto; violência doméstica. |
Programa |
Da Saúde Materno-Infantil à Saúde Reprodutiva e Saúde Sexual |
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Avaliação |
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Bibliografia |
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