Pesquisa Psicossocial da Desigualdade: ética, método e técnicas
Área de Concentração: | 47134 |
Carga Horária | ||||
Teórica | Prática | Estudos | Duração | Total |
3 | 3 | 4 | 12 semanas | 120 horas |
Docentes Responsáveis: | |
Vera Silvia Facciolla Paiva | |
Arley Andriolo | |
Marcelo Afonso Ribeiro |
Objetivos |
A disciplina visa trabalhar a ética e a metodologia da pesquisa psicossocial que se dedica à reprodução e à experiência das desigualdades sociais no Brasil, em particular às desigualdades étnico/raciais e de classe, ou relativas à opressão pela normatividade associada aos gêneros e às sexualidades brasileiras. Com base nas questões de pesquisa trazidas pelos alunos e no referencial da análise no quadro dos Direitos Humanos, discutiremos os acordos nacionais e internacionais de ética em pesquisa com seres humanos e exemplos de método de pesquisas nacionais brasileiras do campo psicossocial. O objetivo último do curso é interagir com os alunos para que transformem seu projeto de pesquisa em um protocolo detalhado, focalizando em especial o método de investigação fundamentado, o desenho e os instrumentos de coleta de dados, os procedimentos para obtenção de consentimento informado dos participantes quando necessário |
Justificativa |
No contexto atual das exigências aos pós-graduandos, é importante oferecer aos alunos da pós-graduação a experiência de revisão da literatura sobre seu tema nas bases de dados disponíveis por via eletrônica, o contato com artigos e os procedimentos utilizados para coleta de dados de seu tema de investigação, além do já esperado aprofundamento nas referências teóricas abraçadas por cada aluno e seu orientador; oferecer também aos alunos um espaço interativo para a experiência da revisão de pares, debatendo sua questão de pesquisa e o seu método; permitir aos alunos a discussão com autores no campo da pesquisa psicossocial no Brasil dedicados ao tema das desigualdades, a discussão dos “bastidores” de cada pesquisa (produção dos instrumentos, desafios do trabalho de campo e da análise dos resultados). |
Conteúdo |
Um protocolo de pesquisa e a definição de uma questão de pesquisa factível e relevante. Buscando inspiração nas pesquisas mais recentes sobre o tema nas bases de dados indexadas. A falsa dicotomia qualitativo-quantitativo e desenhos da pesquisa psicossocial. •Definindo sexo, gênero, raça e etnia e os desafios da pesquisa psicossocial. O quadro da vulnerabilidade social, programática e individual e dos direitos humanos. •A produção da desigualdade sócio-racial no Brasil: preconceito e discriminação no acesso aos bens e serviços públicos. •A esfera pública da desigualdade: análise de produtos culturais (livros didáticos, filmes, propagandas, revistas em quadrinhos) para identificação de estereótipos e preconceitos relacionados às diferenças de raça/etnia, gênero e manifestação da sexualidade. •A entrevista em pesquisa psicossocial: sobre escutar e compreender. •O trabalho focal com grupos como campo de pesquisa e intervenção. Narrativas e dramatizações de cenas sexuais, de homofobia e racismo e as possibilidades de desinstrumentalização de esteréotipos e preconceitos. •O pesquisador participante. •Acessando os etnométodos. •Investigações em famílias: a perspectiva psicanalítica e a perspectiva antropológica. |
Forma de Avaliação Protocolo de pesquisa revisado à luz do debate desenvolvido no curso, com ênfase no metodo, na descrição e avaliação dos instrumentos para coleta de dados |
Bibliografia |
ABRAMO , L Desigualdade e discriminação de Gênero e Raça no Mercado de Trabalho Brasileiro e suas implicações para a formulação de uma política de emprego. / OIT. AMATUZZI, M. Pesquisa fenomenológica ANDRIOLO, Arley. Fenomenologia e Arte Moderna.. Em: Patto, MH e Frayze-Pereira, J. Pensamento Cruel, Humanidades e Ciências Humanas. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2007. p249-263. AYRES, J.R..Raça como conceito emancipador e vulnerabilidade como norte para políticas de equidade em saúde. www.scielo.br (Cad Saúde Pública, RJ, 23 (3): 497-523, 2007) AYRES, JR, FRANÇA JR, I. , CALAZANS, GJ, SALETTI Fo, HC. (2003) O conceito de vulnerabilidade e as práticas de saúde: novas perspectivas e desafios. Em Czenersnia & Machado Freitas (orgs) Promoção de saúde. Conceitos, reflexões, tendências. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ (pp. 117-139). BLEGER, J. (1998) A entrevista psicológica. Seu emprego no diagnóstico e na investigação. Em Temas de psicologia: entrevista e grupos. SP: Martins Fontes. 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Docente Responsável: | |
Vera Silvia Facciolla Paiva |
Carga Horária | ||||
Teórica | Prática | Estudos | Duração | Total |
3 | 3 | 4 | 12 semanas | 120 horas |
Objetivos: |
Justificativa |
Multiplicam-se as pesquisas no campo psicossocial abordando a sexualidade e os gêneros para o enfrentamento de problemas cada vez mais relevantes tais como a epidemia da AIDS, os movimentos por direitos sexuais e reprodutivos, a ampliação da legitimidade para educação/orientação sexual de jovens. O curso visa responder uma demanda dos alunos, colocando em debate uma das abordagens mais relevantes para o campo psicossocial (a abordagem construcionista), abordagem que acumula contribuições brasileiras inovadoras e de ampla repercussão internacional. |
Conteúdo |
1. De que gênero estamos falando?; 2. Sistema de gênero e sistema sexual; 3. Atividade sexual como conduta social; 4. Vida sexual como produto de símbolos intersubjetivos; 5. Significados associados à sexualidade em diferentes contextos sociais e culturais; 6. Scripts de gênero, scripts sexuais, scripts eróticos; 7. Sexualidades brasileiras; 8. Sujeito e cena sexual; 9. "Saúde Sexual?"; 10. Identidade sexual e políticas de identidade; 11. Modelos de "intervenção" no campo da sexualidade. |
Forma de Avaliação |
Preparação da discussão de textos de cada aula Trabalho final: utilização do referencial construcionista para descrição e discussão de resultados de projetos |
Bibliografia |
BARBIERI, T “Sobre la categoría de Genero. Una introducción Teórico-metodológica”. In: Azeredo S e Stolcke V (coord). Direitos Reprodutivos. São Paulo: Fundação Carlos Chagas, 1991. (25-47) BUTLER, J. O parentesco é sempre tido como heterossexual? In: Cadernos Pagú (21) 2003. Campinas: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). Pág 219-261 CASTELS , M. da coleção “A era da informação”, vol 2 , “O poder da identidade”, Ed. Paz e Terra. Introdução (pág 17-20), Capítulo 1 (pelo menos pág 21-28), Capitulo 4 (inteiro, pág169-285): "Fim do patriarcalismo:movimentos sociais, família e sexualidade na era da informação". COSTA J.F. “A construção cultural da diferença dos sexos”. In: Sexualidade, Gênero e Sociedade, ano 2, número 3, junho 1995. (págs 1,4,6-8) MOORE, H. (1997) “Compreendendo Sexo e Gênero”. Tradução de Júlio Assis Simões para uso didático. Do original “Understanding Sex and gender”. In Tim Ingold (ed). Companion Encyclopedia of Antropology. London: Routledge PAIVA, V. Cenas sexuais, roteiros de gênero e sujeito sexual. In: Sexualidades pelo avesso - direitos, identidade e poder.1 ed.Rio de Janeiro : Editora 34, 1999, v.1, p. 250-269. Paiva, V., Ayres, J.R., Franca-Jr, PARKER R Abaixo do Equador. Rio de Janeiro: Record, 2002. PARKER, R. Diversidade Sexual, análise cultural e a Prevenção da AIDS. In: Parker. A construção da solidariedade. AIDS, Sexualidade e Política no Brasil. Rio de Janeiros: ABIA/RELUME-DUMARÁ Rubin, G. (texto original de 1985) “Thinking sex: notes for a radical theory of politics of sexuality”. Tradução em espanhol disponível. RUBIN, G.R. Entrevista: “Tráfico sexual - GAYLE RUBIN entrevistada por JUDITH BUTLER”. In: Cadernos Pagú (21) 2003. Campinas: Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Pág 157-210 SCOTT, J. (1995- tradução) “Gênero: uma categoria útil para a análise histórica”. Sousa Santos, B. Reconhecer para libertar. Os caminhos do cosmopolitismo multicultural Rio: CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA. 2003 Textos discutidos com os alunos em 2008: Vance, C. (texto de 1991) Traduzido em 1995. “A antropologia redescobre a sexualidade: um comentário teórico”. PHYSIS Revista de Saúde Coletiva, vol 5, no 1. |
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